quarta-feira, outubro 18, 2006

Briga entre traidores.

OLhem lá, dois traidores a brigarem e a atirarem as culpas uns sobre os outros, agora que a merda está feita e que a sua covardia matou Portugal ninguém quer ser culpado!
PRA FORCA COM OS TRAIDORES!!!

"Trinta anos depois da descolonização, Almeida Santos, que participou no processo como ministro da Coordenação Interterritorial, abre o livro. São mil páginas repartidas por dois volumes a que deu o título de Quase Memórias. Para dizer que as negociações com os movimentos de libertação foram, no essencial, conduzidas pelos militares - os verdadeiros detentores do poder nesse período - e que os civis, como ele e Mário Soares, pouco ou nada influenciaram. Limitando-se a tentar recuperar o tempo perdido por António de Spínola depois da Revolução. Quando o general - e presidente da Junta de Salvação Nacional (JSN) - tentou impor o federalismo, recusando-se a aceitar o princípio da autodeterminação e o direito à da independência das colónias."Se Spínola não tem resistido a fazer logo após Abril o que veio a fazer em Julho, através da Lei 7/74, as coisas não teriam corrido tão mal como correram. O resultado final talvez continuasse a não ser exaltante. Mas ter-se-ia em qualquer caso evitado a degradação da situação militar", escreve Almeida Santos no Volume I de Quase Memórias, a que o DN teve acesso e que será lançado dentro de dias pela Casa das Letras e pelo Círculo de Leitores. Em simultâneo com o Volume II, dedicado à análise detalhada das negociações que precederam as independências africanas, deixando Timor sujeito à cobiça indonésia.Seguindo uma ordem quase cronológica dos acontecimentos, Almeida Santos avança com a sua parte da verdade para a construção de um puzzle que ainda hoje suscita grandes paixões em Portugal e desenvolve a tese de que o processo de descolonização lançado em 1974 - e que decorria já fora do tempo apropriado - foi condicionado pelas negociações com o PAIGC e pelos ajustes de contas que Spínola estava empenhado em fazer com os guerri- lheiros que combateu na Guiné.O que, na sua opinião, poderá explicar também as razões que levaram Spínola a retirar do programa do Movimento das Forças Armadas (MFA) todas as referências à independência das colónias, dando origem a um braço-de-ferro com os "capitães" que só viria a acabar em Julho. Isto é, três meses depois da Revolução, com a publicação da Lei 7/74. Quando, sublinha, a degradação do dispositivo militar "nas colónias e no Continente havia atingido tais extremos que os acordos de paz [alcançados posteriormente] não puderam ter os efeitos apaziguadores que teriam tido se celebrados a tempo de evitar essa degradação"
Referência directa aos efeitos provocados pela indisciplina crescente entre os militares e pelas consequências perversas de "Nem mais um soldado para as colónias!", slogan que tinha levado os movimentos africanos a subirem o tom das respectivas exigências. E que ajudam a perceber porque é que os negociadores da descolonização - já sob a batuta de Melo Antunes - apostaram tudo na única concessão que ainda lhes parecia possível depois da ameaça de colapso militar que pairara sobre a Guiné: a garantia de que haveria um período de transição antes da independência. Para tentar salvar o que ainda fosse possível, evitando o caos, a violência e a perda de mais vidas humanas. Um cenário perfeitamente admissível perante a recusa sistemática dos guerrilheiros - sobretudo em Angola e em Moçambique - em assinar qualquer acordo de tréguas, sem que lhes fossem dadas garantias de que Portugal estava, de facto, disposto a descolonizar.Quando essas contradições foram ultrapassadas, já Portugal não tinha força para impor consultas, nem referendos às populações africanas, salvo os que Almeida Santos obteve em Cabo Verde e São Tomé e Príncipe, pelos quais Melo Antunes se desinteressara sem que o autor tivesse percebido porquê. Talvez porque o então ministro dos Negócios Estrangeiros já se encontrasse absorvido por Angola, processo moldado por Rosa Coutinho e pela estrutura local do MFA.Falta o Volume II de Quase Memórias. Aí se verão os detalhes que Almeida Santos tenciona adicionar a este puzzle."

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