sexta-feira, julho 15, 2005

A lavagem mental das madrassas islâmicas.

A notícia de que um dos autores dos atentados a bomba suicidas em Londres ,( em que os autores eram todos britânicos filhos de paquistaneses) estudou em uma escola religiosa muçulmana -- ou madrassa-- no Paquistão, voltou a levantar questões sobre o amplo sistema educativo religioso do país e o que ele está produzindo. A família de Shehzad Tanweer disse que ele freqüentou uma madrassa durante dois meses na cidade de Lahore. A informação levou a intensa especulação da mídia britânica de que ele pode ter sofrido uma "lavagem cerebral" para realizar os atentados.Sabe-se que a maioria das madrassas são instituições moderadas que fornecem educação, acomodação e alimentos tão necessários para estudantes pobres. O Alcorão [livro sagrado do islamismo] é estudado intensamente.Mas seriam algumas dessas escolas "terreno fértil para o terror"? Estima-se que agora existam certa de 20 mil madrassas no Paquistão, em comparação a cerca de 137 por ocasião da independência do país, há mais de 50 anos.De acordo com o jornal paquistanês "The News", cerca de 1,7 milhão de estudantes freqüentam estas instituições --a maioria deles, de famílias pobres da zona rural.As razões para um aumento tão grande no número de madrassas remontam a 1979, quando a invasão soviética do Afeganistão fez com que países ocidentais e do Golfo Pérsico canalizassem grande quantidade de recursos para o Paquistão.Boa parte desses recursos foi dirigida para madrassas e usada por grupos mujahideen contrários aos soviéticos para dar orientação religiosa e treinamento militar para milhares de jovens combatentes que lutaram contra os russos.Os estudantes (ou talebs) das madrassas paquistanesas eram encontrados com freqüência no front dos grupos Mujahideen que expulsaram os soviéticos do Afeganistão.A maioria dos integrantes do governo do Taleban --derrubado pelos americanos depois dos atentados de 11 de setembro de 2001, nos Estados Unidos-- estudou em madrassas paquistanesas.Críticos das madrassas se concentram no currículo inflexível que costuma ser aplicado. "Muitos estudantes desenvolvem uma visão intolerante, preconceituosa e bitolada de mundo", diz o jornalista paquistanês Ahmed Rashid.Muitas famílias conservadoras paquistanesas no Reino Unido e em outras partes do Ocidente enviam seus filhos para madrassas no Paquistão por períodos de seis a nove meses para completar a sua educação."O problema é que muitos, como Shehzad Tanweer, acham este processo desorientador e acabam mais confusos do que quando chegaram", diz Rashid.Lá os estudantes dedicam sua vida ao "jihad" e a "matar infiéis e inimigos do Islã". O Parlamento Europeu recusou-se em abril a receber uma delegação de parlamentares paquistaneses que incluía o senador Maulana Sami ul Haq, o reitor da "universidade", por causa de suas ligações com o Taleban."Embora instituições como esta não sejam tão abertas sobre suas atividades hoje, não há dúvida de que níveis de ódio e extremismo contra o Ocidente permaneçam", diz Rashid.Especialistas como Burhanuddin Hasan, ex-diretor da TV do Paquistão, destaca que a grande maioria das madrassas do país são moderadas e dão educação para estudantes que não a conseguiriam de outra forma. "Mas como eles não aprendem nem inglês e nem ciências, correm o risco de se tornarem desajustados na sociedade moderna", afirma Hasan."Nestes dias eles não podem fazer um serviço útil à nação a não ser realizar ritos religiosos em casamentos e funerais".aAs informações foram retiradas da Folha OnLine.http://www1.folha.uol.com.br

Nenhum comentário: