No III Congresso de História e Antropologia Aplicada em 1996 ,Pontevedra, traçou-se uma linha investigativa entre o Nacionalismo Português e o Discurso Museográfico.Na introdução deste trabalho devemos observar trechos que tratam do discurso Nacionalista Português , a época do Estado Novo, ou seja o Salazarismo.Nos trechos aqui a ser destacados deve-se identificar o valor empregado à terra, ao passado histórico e seus hèrois e as tradições transmitidas como valores inalienáveis da ideologia Salazarista, tratando pois de uma complexidade cultural ,inserida no contexto nacional e ultramarino o qual haveria de formar a Pátria , presente em todos os continentes habitáveis e sobreposta a culturas diferentes e até mesmo conflitantes sendo dirigidas sobre a luz da bandeira Portuguesa, formando um Império igualitário e pluricultural, apostas , respeitadas e incentivadas as tradições regionais o Orgulho Patriótico é implícito como fim maior e unificador."
O discurso nacionalista português do período que acima delimitámos usou como objectos fundamentais o território, a nação e a história e tradições. Em redor destes giraram os argumentos, as paixões, as decisões políticas e militares, a diplomacia.A tradição era também exaltada. Os costumes, as formas atávicas de fazer as coisas, de trabalhar, de produzir e de sobreviver tiveram sempre um lugar de destaque na definição do que era Portugal. Podemos aqui incluir as alfaias agrícolas, os trajes tradicionais, os cantares e as festas, a gastronomia. As diferenças regionais eram marcadas como essenciais na unidade e na identidade nacionais. As formas mais comuns de apresentar este discurso eram os mapas, turísticos ou educativos, que representavam Portugal Continental como uma manta de retalhos de particularidades, como um território unido na diversidade. Dentro deste espírito a agricultura/pastorícia e a pesca eram das actividades mais óbvias, mais evidentes. Os produtos do mar e da terra eram referidos como parte integrante, porque tradicional, da própria identidade nacional.O primeiro contacto que a escola portuguesa proporcionava com a História, apresentava esta como uma sucessão discreta de acontecimentos, de momentos, encabeçados quase sempre por um personagem de primordial importância.Esta visão da História pretendia ainda encerrar uma lição moral e patriótica: o que esses portugueses de antanho haviam conseguido (dignificar o nome de Portugal e gravar o seu próprio nas páginas da História) qualquer português podia almejar, devia tentar. Todo o português podia e devia imitar os feitos memoráveis dos seus antepassados, d'aqueles que por obras valerosas se vão da lei da morte libertando. As vidas dos heróis pátrios eram usadas como cartilha de valores humanos e patrióticos, a sua devassa autorizada pela lição grandiosa que encerravam. No entanto, o corolário seguia-se, inevitável, apenas alguns dos actuais portugueses alcançavam tais desígnios. Por maior valor pessoal, por maior esforço, por maior empenho. A esses estava reservado lugar ao lado dos heróis celebrados pela História; e eles era também, em certos casos, devida celebração em vida.(....)"
2 comentários:
Um texto muito oportuno. Parabéns.
Agradeço e boas férias.
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