sexta-feira, julho 14, 2006

As mãos ensanguentadas de Fidel.

Entrevista de um preso político cubano, na terra dos libertadores o cárcere é mais cruel.
"No Natal de 1960, o regime comunista de Fidel Castro mandou encarcerar, unicamente por motivos políticos, o jovem poeta Armando Valladares, então com 23 anos. Passou outros tantos - 22 anos - preso nas masmorras de um regime que se proclama libertador... Post-modernidade faz eco à voz desse poeta, escritor e jornalista, que percorre o mundo inteiro pedindo compaixão para com os 11 milhões de cubanos que não podem fugir da ilha-prisão de Fidel Castro. Transcreveremos trechos da entrevista que esse cubano exilado concedeu à Revista Catolicismo em 1997.
Catolicismo: Como definiria o Sr. a situação atual de Cuba?
Armando Valladares: -“Meu povo está subjugado na mais negra miséria. Torturam-se pessoas e um quinto da população fugiu por razões políticas. O povo cubano vive esperando o abraço solidário dos mandatários ibero-americanos. Estes, porém, o negam às vítimas e o oferecem ao carrasco.”
Cat: Passando agora ao seu longo período de duas décadas nas prisões castristas, que objetivo visavam os comunistas ao aplicar tão cruéis torturas ao Sr. e aos outros prisioneiros?
A.V. -“Todos os horrores e todo o terror do sistema carcerário na Cuba comunista, que descrevo em meu livro “Contra Toda a Esperança”, tinham um objetivo muito específico: quebrar a resistência interna do prisioneiro para que este aceitasse os programas de reabilitação política.”
Cat: Em que consistem esses programas de “reabilitação”?
A.V. -“Consistem em renunciar a tudo aquilo que os comunistas consideram como “contra-revolucionário”. Ou seja, a pessoa deve renunciar às suas convicções religiosas, às suas convicções sobre a família e a sociedade, enfim, deve renegar essas idéias e jurar lealdade às idéias comunistas.
Cat: Além das pauladas, golpes de toda espécie e isolamento em celas imundas e cheias de excrementos, que outros métodos de tortura utilizavam?
A.V. -“Um desses métodos era o de suspender a alimentação até aceitarmos a “reabilitação”. Em certa ocasião, durante 46 dias consecutivos nos privaram dos alimentos. Em conseqüência, seis de nós ficamos impossibilitados de andar devido a uma doença transitória chamada polineurite carencial.
Cat: Como conseguiu resistir, sem quebrar-se espiritualmente?
A.V. -“Eu havia chegado ao cárcere com uma formação religiosa católica. Minhas crenças eram genuínas, mas provavelmente superficiais, pois ainda não haviam sido submetidas a tão dura prova. Em meio a tantos sofrimentos, e quando via serem levados ao “paredón” de fuzilamento tantos de meus companheiros de cárcere, que morriam bradando “Viva Cristo Rei”, compreendi, como numa súbita revelação, que Cristo não era para ser invocado apenas para pedir que não me matassem, mas também para dar à minha vida, e inclusive à minha morte, se isto acontecesse no cárcere, um sentido que as dignificasse. Cat: O Sr. teria algo mais a dizer aos leitores de Catolicismo?
A.V. -“Meu anelo é que os leitores de Catolicismo, e todos os brasileiros, tenham compaixão dos 11 milhões de cubanos escravizados na ilha-prisão, e rezem diariamente a Deus e à Virgem pela pronta libertação de minha pátria das garras de uma cruel tirania comunista.”
http://www.lepanto.com.br/artigo4.htm#editorial

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